folia em dia de chuva

Wednesday, January 17, 2007

voltando aos outros

quando então escrever já parece querer passar de prazer para obrigação, vou me valer novamente das palavras alheias simplesmente para não deixar que as teias de aranha tomem conta desse espaço de forma irreversível.

na verdade, acho 'irreversível' uma palavra um tanto assustadora. prefiro mesmo é pensar que ela não existe.

sobre o poema de gullar acho que já virou até um pouco cliché. mas andei redescobrindo-o na voz de uma certa calcanhoto que deu todo um novo significado para as mesmas palavras aqui dentro.

sobre o poema de leminsky, re-achei enquanto procurava por gullar. (deparar-se com bloggs de desconhecidos é sempre uma experiência, eu diria, hmmm.... inusitada, talvez.) enfim, leminsky é leminsky. e além de ser leminsky me faz lembrar de jô, de paulie e de babs. e de curitiba também - o que quer que isso signifique...


Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

Ferreira Gullar

:::::::::

Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Paulo Leminski

::::::::::::

e agora, de volta ao mundo word até que dele eu me liberte.

1 #Comments:

Anonymous Anonymous pingou...

adoro esses dois poemas. eles me transbordam.
eu tenho saudade de ti, imensa, aliás.
vou te visitar.
me diga quando posso, pra nao atrapalhar tuas mono/mamo/grafias.
nhoc.

11:07 AM  

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